Uma câmara pousada numa linha de fronteira: na abertura deste programa, Randa Maddah, no seu filme
In View, coloca a sua câmara numa linha de cessar-fogo, uma linha da História, diante da sua casa no planalto do Golan. Ela difrata-a, projeta-a, decompõe-a no espelho como outras tantas possibilidades de considerar uma paisagem ligada a uma ocupação. A continuação deste programa segue esta linha rumo a Beirute, com The History of Milk and Honey da artista Basma al-Sharif que interroga o modo de escrever histórias na História, com imagens, com narrativas inventadas e como compartilhá-las. Com Larissa Sansour, a história da Palestina transforma-se em ficção científica: Nation Estate. E para terminar, Marwa Arsanios com Have You Ever Have Killed a Bear or Becoming Jamila debruça-se sobre uma militante do FLN, o movimento armado pela descolonização da Argélia e explora o potencial icónico das figuras históricas, por mais controversas que sejam. Basma al-Sharif
Estes filmes foram selecionados na coleção do CNAP (Centre National des Arts Plastiques). Herdeira da coleção nacional da Revolução Francesa, a coleção do CNAP compreende mais de cem mil obras, parte das quais está depositada em museus franceses. A composição foi alargada de modo a incluir novas tendências na arte contemporânea.
No momento em que são selecionados estes filmes da impressionante coleção do CNAP, manifestar apoio ao povo palestiniano, denunciar o massacre de populações civis e apelar ao respeito do direito internacional, acarreta, para numerosos sindicalistas, militantes e pesquisadores em França uma convocação policial ou um processo judicial por “apologia do terrorismo”. Mais do que nunca, as obras de arte ajudam-nos a pensar a História, a discuti-la, pô-la em perspetiva na sua imensa e dolorosa complexidade. (Marie Voignier)
com o apoio do CNAP e do Institut Français no âmbito do programa MaisFrança.
A camera placed on a border line: at the opening of this program, Randa Maddah, in her film In View, places her camera on a ceasefire line, a line of history which faces her home on the Golan Heights. She diffracts that line, projects it, and decomposes it in the mirror, creating various possibilities for perceiving a landscape linked to an occupation. The programme follows this stance, this time in Beirut. Basma al-Sharif’s The History of Milk and Honey interrogates the way of writing stories with history, images, invented narratives, and the way to share them. With Larissa Sansour, the history of Palestine turns into science fiction in Nation Estate. The program ends with Marwa Arsanios’ Have You Ever Killed a Bear or Becoming Jamila, a film about a militant of the FLN (National Liberation Army, Algeria, 1954-1962), fighting for the decolonization of Algeria, and explores the iconic potential of historical figures, however controversial they may be.
The films were selected from the CNAP (Centre National des Arts Plastiques), that houses the national collection of the French Revolution. The CNAP collection has over one hundred thousand works, some of which are deposited in museums. The program was expanded to include new trends in contemporary art.
At the time when these films were being selected from the impressive collection of the CNAP, expressing support for the Palestinian people, denouncing the massacre of civilian populations, or calling for respect for international law, had consequences for many trade unionists, militants, and researchers in France, who were summoned by police or targeted by court proceedings for “promoting terrorism”. More than ever, works of art help us to think about history, discuss it, and put it into perspective in its immense and painful complexity. (Marie Voignier)
with the support of the CNAP and the Institut Français as part of the MaisFrança program.