No vídeo, uma mão vai retirando pouco a pouco cada um dos acúleos (espinhos superficiais) que habitam o tronco do Pau-Brasil. Quando jovem, essa árvore apresenta a cobertura de acúleos que serve muito bem para afastar predadores, funcionando como uma defesa natural até seu crescimento, quando então, deixa cair naturalmente tais defesas e torna-se uma árvore frondosa.
Estreitamente ligada à constituição de nossa nação, por ter sido um recurso explorado à exaustão e de certa forma ter batizado o nome de nosso território, o Pau-Brasil é uma árvore muito pouco conhecida ou mesmo vista nas paisagens brasileiras.
O som da floresta que preenche a atmosfera do vídeo nos primeiros minutos vai dando lugar à um ruído artificial, mecânico ao mesmo tempo em que a presença da floresta e das características naturais da planta vai sendo alterada. Uma ação simples, mas violenta ao extremo, assim como nosso processo civilizatório em que tudo aquilo que definia a identidade dessas terras e nossa cultura ancestral foi sendo suprimida.
Como uma madeira aplainada, sem nuances ou quaisquer imperfeições, continuamos numa eterna disputa entre manter as raízes que nos constituem nação ou render-nos à influências dominantes, globais e estrangeiras, que retiram lentamente o que temos de mais valioso, aquilo que nos dá o próprio nome, nossa cor de brasa verde e amarela, mas vermelha por princípio, porque vem do interior da terra e do interior do ser.